Oração escrita pelo Cardeal Noaillies
Ó Santa Maria, eterna virgem das virgens, Mãe de misericórdia, Mãe de graça, esperança e refúgio de todos os aflitos; por aquela espada de dor, que atravessou a vossa puríssima alma, quando o vosso unigênito Filho Jesus Cristo nosso Senhor padeceu o suplício da morte da cruz, e por aquele amor filial que o fez compadecer da vossa dor materna, e recomendar-vos a seu discípulo S. João, herdeiro do perfeito amor que ele vos tinha; rogo-vos Senhora que tenhais de mim compaixão e me deis remédio na aflição, na enfermidade, na pobreza, na consternação e em qualquer enfermidade que eu padeça. Ó refúgio poderoso dos miseráveis, Mãe benigna de misericórdia, prontíssima libertadora dos degredados filhos de Eva, ouvi os meus rogos e vede as lágrimas da minha aflição e da minha dor. Eu me vejo oprimido de infelicidades e misérias, por causa das minhas culpas; e não tenho a quem recorrer, senão a Vós, minha amada Senhora, piíssima Virgem Maria, Mãe do meu Senhor Jesus Cristo, e solícita advogada do gênero humano. Rogo-vos, pois, pelas misericordiosas entranhas do vosso Santíssimo Filho, e pela glória que ele teve no tempo da sua aliança com a natureza humana, no deliberar com o Pai e o Espírito Santo de tomar a nossa carne mortal para a nossa salvação; pelo inefável gozo ó bem-aventurada Virgem, quando depois da Anunciação do Anjo e do vosso adorável consentimento, o divino Verbo se cobriu da nossa mortalidade no vosso puríssimo ventre; donde, passados nove meses, saiu a visitar instruir e remediar o mundo. Pela agonia que o vosso mesmo Filho teve em seu coração, quando orou a seu eterno Pai no monte das Oliveiras, pela fiel companhia que vós lhe fizestes em todo o decurso da sua paixão e morte, pelas traições, pelos opróbrios, pelas injúrias, testemunhos falsos e bárbara sentença contra ele proferida; pelas duras cordas com que o prenderam, cruéis flagelos com que o açoitaram, e rigorosos espinhos com que o coroaram, pelas lágrimas e suor de sangue que ele derramou, pelo silêncio e sofrimento, pelo temor, pela tristeza e agonia de seu coração; pela suma humilhação que padeceu, vendo-se despido no Calvário aos olhos de todo o povo; pelo incompreensível tormento de sua sede sem alívio; pela ferida da lança que lhe penetrou o seu lado amorosíssimo; pelos grossos cravos que transpassaram as suas mãos e pés sacrossantos, pela recomendação que ele fez da sua santíssima alma a seu eterno Pai, pela benigna misericórdia que ele usou com o bom ladrão. Pela honra e glória da sua triunfante ressurreição; pelas aparições que ele vos fez e aos apóstolos e discípulos no espaço de quarenta dias; pela sua gloriosa ascensão, em que à vossa vista e dos mais fiéis foi elevado ao Céu; pela graça do Espírito Santo que ele derramou nos corações dos discípulos em forma de línguas de fogo; pelo terrível dia do juízo, em que Ele, precedido de um universal incêndio, há de vir a julgar os vivos e os mortos. Pela amorosa compaixão e fidelíssima sociedade que neste mundo lhe fizestes, pelo gozo inefável de vossa maravilhosa Assunção, quando na presença e companhia de vosso mesmo Filho e de toda a corte celeste, fostes sublimada ao Empíreo e nele coroada de glória e delícias sempiternas; por tudo isto, Senhora, e por tudo o mais que representar-vos posso, vos peço, minha Mãe Amabilíssima, que ouçais os meus rogos, me concedais e feliciteis a súplica que agora vos faço, com toda a humildade e devoção que me é possível.
Agora neste momento coloque as suas intenções.
E como eu creio, conheço e confesso que o vosso Filho sacrossanto vos atende e vos honra, de tal modo que nada vos nega, nem deixa frustrada as vossas súplicas; espero e confio, minha adorada Senhora, que eu experimentarei, fiel e prontamente, plena e eficazmente, o desejado socorro de vossa maternal consolação, segundo a doçura do vosso coração misericordioso, tudo conforme a benigna clemência de vosso Santíssimo Filho. E não só para o feliz despacho daquela especial rogativa, com que agora invoco o vosso santo nome e a poderosa virtude do vosso augusto patrocínio; mas, também, para que vos digneis impetrar-me uma viva fé, uma esperança firme, uma ardente caridade, uma contrição verdadeira, uma digna e suficiente satisfação, uma diligente cautela para o futuro, um total desprezo do mundo, um intenso amor de Deus e do meu próximo, uma imitação das dores do vosso amabilíssimo Filho; e ainda a mesma morte, quando deva padecê-la por seu respeito, um fiel cumprimento dos meus votos, uma constante perseverança nas boas obras, uma continua mortificação do meu amor próprio, um perfeito arrependimento de todos os meus pecados no fim de minha vida; e por coroa de tudo a perpétua gloriosa bem-aventurança na deliciosa companhia que lá também quisera ter com as almas de meus parentes, benfeitores e amigos, assim vivos como defuntos, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Pai Nosso
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