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As 7 falas de Jesus na Cruz, nos transmitem muitos ensinamentos. As três primeiras são  em relação ao próximo ( No caso inimigos, amigos e família) e as  outras sobre si e seu ministério.

No momento em que suas forças o estavam abandonando Ele ainda encontra o suficiente para nos ensinar. E que suas palavras sirvam de lição, ensinamento e aprendizado para todos nós.

  “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem”

          No auge do sofrimento, Cristo não perde a dimensão da fragilidade do ser humano e implora o perdão para nossas culpas. Seu sangue derramado na cruz tem o papel de nos purificar para que possamos ter acesso a Morada junto ao Pai.

Chama a atenção o fato de que Jesus queira salvar inclusive os que o condenam. Palavras que nos ensinam a nunca pagar o mal com o mal. Mas somos também capazes de perdoar a nós mesmos e aos outros? Quando oramos: “Perdoai-nos, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, sabemos o que pedimos? Nos aceitamos como somos e nos respeitamos? Quem não perdoa a si mesmo não consegue perdoar os outros. Quem não se aceita não aceita aos outros. Pois para isso é necessário que se reconheça as próprias dificuldades e limitações, esforçando-se para se corrigir. E, dessa mesma forma, agir sempre com os outros.

Pai Nosso…

“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”

          No auge de seu sofrimento, o homem crucificado ao lado de Jesus não o insultou como os demais. Ao contrário, pediu o perdão e o recebeu de imediato e incondicionalmente. Na hora da agonia ele pode ter aprendido a se entregar nas mãos de Deus, a orar. Se arrependeu e se entregou a Deus. Cristo não lhe prometeu o paraíso para depois. Tão pouco lhe falou de novas vidas. “Hoje mesmo” – afirmou Jesus! E quantos de nós desacreditamos nessa Misericórdia Divina, acreditando que somente nosso esforço, nesta e em outras vidas, nos tornará dignos de voltar ao Pai.

Pai Nosso…

“Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!”

          Mesmo sem sermos merecedores, Jesus não nos deixou desamparados. Ele deu a sua própria mãe como nossa mãe. Mas seremos dignos de ser filhos daquela que disse o sim, quando convidada a ser a Mãe do verbo Divino, dentro do plano de Deus para nos salvar? Seremos nós também capazes de dar esse sim incondicional e testemunhar o Evangelho sem timidez? Não fomos feitos filhos adotivos de Maria e, por consequência, irmãos de Jesus Cristo, apenas para nos vangloriarmos de sermos. Somente tomando consciência disso, ouviremos de Jesus: “Filho, eis aí tua mãe! Esta foi a última das falas dirigida diretamente a humanidade.

Pai Nosso…

 “Tenho Sede!”  

          Jesus teve sede mas, ao invés de água, deram-lhe vinagre.

Cumpria-se assim o versículo 22 do salmo 68: “Puseram fel no meu alimento; na minha sede deram-me vinagre para beber.”

Também para nós Jesus vive a dizer: “Tenho sede! Tenho sede irmãos e irmãs que caminhem .Que não se apeguem a títulos, cargos e aos bens transitórios deste mundo. Que estejam dispostos a levar a boa nova a todas as criaturas. Tenho sede de justiça e de trabalho para todos, pois afinal meu Pai não criou o mundo só para alguns, mas indistintamente para todos.

Devemos nos compadecer d’Ele com amor e verdadeira piedade, e apresentando-Lhe um coração arrependido e humilhado.

Jesus tinha sede. E que nossa sede de justiça, de verdade, da presença de Deus em nossas vidas seja saciada.

Pai Nosso…

” Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?”  

          Teria Deus abandonando seu Filho na cruz? Certamente que não.

Jesus não profere uma queixa, nem faz uma acusação. Deseja, por amor a nós, fazer-nos entender a terrível atrocidade de seus tormentos. 

.Quantas vezes nós também gritamos a mesma coisa, porém sem qualquer convicção de que Deus nos escuta. Quantas vezes passamos meses e anos esquecidos de Deus, nunca nos lembrando de conversar com Ele, agradecendo tudo o que dele recebemos. Mas, quando nos sobrevém qualquer sofrimento e a dor nos atinge, gritamos revoltados: “Por que nos abandonastes?” Mas não é ele quem nos abandona: nós é que o abandonamos. E, de repente, queremos atribuir a ele todos os sofrimentos que nós mesmos criamos, para nós e para os outros. Fazemos de nossa relação com Deus uma transação comercial: “Eu lhe dou esmolas e orações apressadas, em compensação quero receber tudo aquilo que penso ter direito. E, se não recebo o que quero, protesto: “Por que me abandonaste?”

O Pai Nunca abandona e Jesus sempre soube disso: “Aquele que me
enviou está comigo; ele não me deixou sozinho” (Jo, 8, 29)

Pai Nosso…

 “Tudo está consumado!” 

          Jesus Cristo olha, do alto da cruz, o novo mundo que começa: a humanidade recebe, em lágrimas, suor e sangue, e sua quitação por todas as dívidas assumidas.

Na Cruz foi vencida a guerra contra o demônio: “Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo” (Jo 12, 31). 

Mas estará tudo consumado para cada um de nós em particular? Será que nada mais tenho a fazer? Posso me esquecer de que Cristo não permanece morto, que ele ressuscitou e está presente em cada ser humano? Jesus consumou sua obra redentora na cruz. Mas foi exatamente ali que começou a nossa obra pessoal, como redimidos e discípulos de Cristo. Tudo estará consumado quando conseguirmos expulsar deste mundo o egoísmo, a ambição, o desamor, a miséria e a falta de oportunidade para todos.

Na morte na cruz, consuma-se o que Cristo veio fazer neste mundo: cumprir a vontade do Pai.

Pai Nosso…

   “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”  

Jesus sempre confiou. E não seria nessa hora que aconteceria diferente.    Chega ao final a agonia da cruz, Cristo entrega-se totalmente nas mãos do Pai. Um dia, ao entregarmos também nossos espírito nas mãos do Pai, com certeza ele não nos perguntará pelas grandes obras que fizemos, mas pelas pequeninas coisas que deixamos de fazer. Voltar ao Calvário é redirecionar nossa vida. É tomar a decisão corajosa de entregar ao Pai não somente nosso espírito, mas nossas mãos, nosso coração, nossa mente e toda a nossa vida. Com certeza, ele já está de braços abertos a nossa espera. Ao voltar para o Pai, Jesus indica o nosso fim; o coração do Pai, o Céu.

Pai Nosso…